Na tarde desta terça-feira, 16/08, em Santo André-SP, uma roda se soltou do eixo de um caminhão e causou a morte de um casal que caminhava pelo local, além de danificar alguns veículos. Acidentes como este poderiam ser evitados, se a manutenção preventiva da frota de veículos pesados fosse levada mais a sério.
“O fato da roda ter se soltado do eixo junto com o tambor de freio indica que pode ter havido quebra no rolamento. Essa peças dá sinais de problemas antes de arrebentar”, explicou o professor de engenharia mecânica da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Silvio Sumioshi.
Um levantamento realizado desde o ano passado pelo GMA (Grupo de Manutenção Automotiva) -que reúne os principais sindicatos das indústrias de autopeças – aponta que, de 576 caminhões inspecionados pela entidade, 68% tinham problemas de direção e 38% rolamentos defeituosos.
“Atualmente, menos de metade da frota de veículos com mais de vinte anos (46%), passa por algum tipo de manutenção preventiva. Muita gente deixa para fazer a manutenção do veículo somente quando ele quebra”, avaliou o coordenador do Grupo e vice-presidente do Sindpeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), Antônio Carlos Bento.
Por este motivo, o Grupo defende a implantação no país de uma checagem geral da frota, como a que acontece na Europa, Estados Unidos e Japão, onde, além do nível de poluição, são verificados o estado das peças.
“Muita gente compra um veículo e pensa que ele vai durar para sempre. Se esquece de contar os custos de manutenção. No caso dos caminhões, é possível afirmar ainda que a alta demanda pelos serviços de transporte contribui para o descaso com a manutenção”, completou Bento.
O coordenador do GMA, ressalta porém que não basta ser feita a manutenção. O serviço também precisa ser feito com peças de qualidade para evitar problemas.
“Mesmo em veículos de frotas das transportadoras encontramos problemas, quando se espera que eles tivessem em melhor estado”, destacou.
Um grande problema, afirmou Bueno, é a existência de peças de procedência duvidosas, que chegam a custar 20 vezes menos que um componente com a procedência garantida. Mais uma vez, os rolamentos entram na história. Eles estão entre as peças preferidas dos falsificadores.
“Esse tipo de componente vende porque muita gente acha que está pagando menos por uma peça semelhante. Mas não é assim. Uma roda, por exemplo, chega a durar cerca de 10% do tempo que uma peça original iria durar”, ressaltou o coordenador do GMA.
Fonte: Rede BOM DIA