Nada como uma chuva forte para colocar as habilidades de um motorista em teste, ainda mais se ele estiver conduzindo um caminhão carregado. A menor visibilidade – e os limpadores de para-brisa ajudando a desviar a atenção – exige concentração e boa capacidade de reação.
Entre os principais problemas da água no asfalto, está a diminuição do coeficiente de atrito entre os pneus e a pista. Os primeiros 10 minutos são ainda mais perigosos, pois a água se mistura com a sujeira da estrada, como resíduos carbônicos e de óleo, pó de borracha, poeira, entre outros, formando uma camada escorregadia. Segundo o engenheiro Mauri Panitz, perito em segurança no trânsito, o coeficiente de atrito em condições normais é de 0,6, cai para 0,4 quando a chuva já lavou a pista e fica em 0,2 quando a chuva ainda está nos primeiros minutos. Quanto menor o coeficiente, menor o atrito com o asfalto, facilitando derrapagens.
Para os caminhões, um dos principais riscos é o efeito L (também conhecido como jacknifing), quando o condutor perde o controle do trem de força e o semirreboque se projeta à frente. “Dependendo da velocidade, das ações do motorista, se ele fizer uma mudança brusca de direção, ou passar por um solavanco numa deformação da rodovia, ele perde aderência e quando vai tentar recuperar, não a encontra, pois a pista está ‘lubrificada’ com água e sujeira. Pior ainda se ele utilizar o freio, pois não haverá o trabalho mecânico de atrito em função da falta de aderência”, explica Panitz.
Outra situação comum e perigosa é a hidroplanagem, também conhecida como aquaplanagem. Ela acontece quando a camada de água sobre a pista é muito espessa fazendo os pneus perderem contato com o asfalto e deslizarem na água. Júlio Cesar Zingalli, instrutor de direção defensiva do Centronor, alerta para a importância de reduzir a velocidade nesses casos, manter boa distância dos demais veículos e dá uma dica: “ao olhar pelo retrovisor, se o motorista não enxergar o rastro de água saindo dos pneus, é preciso diminuir mais a velocidade, pois há grande risco de aquaplanagem”.
Confira outras dicas sugeridas pelo engenheiro Panitz e pelo instrutor Zingalli:
1. Diminua a velocidade, pois há perda de visibilidade, o coeficiente de atrito diminui e há perigo de derrapagens e hidroplanagem;
2. Mantenha distância de pelo menos 10 metros do veículo da frente;
3. Acenda o farol baixo durante o dia. Aumenta a visibilidade e alerta veículos de trás;
4. Ligue o desembaçador traseiro;
5. Evite freadas bruscas e não faça manobras perigosas;
6. Mantenha as borrachas dos limpadores de para-brisa em dia;
7. Pare em local seguro se a chuva estiver muito forte;
8. Não use as mãos para limpar vidros embaçados, pois eles ficarão engordurados. Utilize um pano apropriado, se possível com detergente neutro;
9. Ligue o ar-condicionado ou ventilador do caminhão e mantenha uma fresta da janela aberta para circular o ar. Se os vidros já estiverem embaçados, use ar quente;
10. Jamais faça ultrapassagens;
11. Procure rodar com a pressão adequada nos pneus;
12. Mantenha a velocidade constante, sem fortes acelerações ou freadas bruscas.

Fonte: Terra