Rogério Matheus faz parte de um grupo seleto de supermotoristas. Ele é um dos master drivers da Scania, responsável por testar os produtos da montadora até o limite e passar esse conhecimento aos clientes. Como o próprio diz, para chegar a essa posição, “não basta dirigir bem, é preciso ter diesel correndo nas veias”.
O envolvimento de Rogério com caminhões começou cedo. Ainda criança, aos nove anos, já ajudava o pai a arrumar carros antigos. Aos 10, trabalhava como lavador de peças em uma oficina, onde passou a agregar conhecimento sobre mecânica. Mesmo infringindo as leis – e faz questão de dizer que não se orgulha desse fato em sua biografia –, dirigiu o primeiro caminhão aos 15 anos, um antigo modelo Alfa Romeo.
Sempre interessado em direção, mecânica e modelos de caminhões, Rogério passou a trabalhar como carreteiro no fim da década de 1970, “puxando adubo de Santos (SP) para Uberaba (MG), Uberlândia (MG) e região”. O ingresso na Scania foi como mecânico, atuando na revisão final de caminhões.
O conhecimento mecânico e, principalmente, dos modelos e seus detalhes o levou ao setor de demonstração de veículos, onde acompanhou a trajetória da marca desde o clássico modelo 111, popularmente conhecido como “jacaré”. A infinidade de cursos de formação e reciclagem, somados à dedicação para aperfeiçoar-se, colocaram Rogério entre o seleto grupo de master drivers da montadora.
Eventos, demonstrações e aulas
A atuação do grupo - atualmente formado por cinco motoristas - é focada em eventos e demonstrações, onde também ministram aulas teóricas e práticas, passando as capacidades dos caminhões aos clientes da montadora. Rogério conta que esse contato não é simples. “Precisamos nos igualar ao jeito deles, mostrar que no fundo fazemos a mesma coisa. Ainda é uma barreira difícil para muitos dos antigos, que têm bastante experiência, aprender coisas novas. Ele pode ser conhecedor da estrada, mas isso não é garantia de emprego. Se não se aperfeiçoar, a aposentadoria chega mais rápido”, conta.

Com a inovação e tecnologia dos novos modelos, reciclar-se é imprescindível. Os sistemas mudam e se uma transportadora resolve renovar a frota, cabe aos funcionários estar preparados para encarar uma boleia com cheiro de novo. “Há uma grande diferença entre ter carta de habilitação e ser motorista profissional. Em primeiro lugar, é preciso responsabilidade, escolher ser um profissional do volante, e aí estudar bastante, ter conhecimento mecânico, das estradas, de cargas perigosas, do tipo de implemento a ser carregado, e assim por diante”, ressalta.
Rogério conta que as palestras para grupos de motoristas são sempre recheadas de perguntas e é preciso responder prontamente para não perder a credibilidade. “Precisa estar tudo na ponta da língua, inclusive informações dos produtos da concorrência. Mas também temos que manter a humildade, estamos sempre aprendendo coisas novas”, lembra.
Fonte: Terra