Na Fórmula Truck, o Iveco Stralis de competição deriva do Iveco Stralis normal (o modelo é produzido na Europa e no Brasil). Pode-se ver a semelhança entre o modelo de rua e o de corrida, mas o caminhão da Scuderia Iveco deve andar como um carro de corrida.
Enquanto no Dakar o caminhão é elevado do chão, na Fórmula Truck ele fica a poucos centímetros da pista. O objetivo é baixar o centro de gravidade para maior estabilidade Além disso, sua área frontal é reduzida ao máximo, para melhorar a penetração aerodinâmica. Aerofólio, spoilers, carenagens especiais, tudo faz parte do pacote.
O motor, que nas estradas entrega ao redor de 500cv, nas pistas vai a 1.200cv. Se na estrada a economia e a durabilidade são requisitos básicos, nas pistas o que importa é potência e desempenho. “Acelerações bruscas, variação constante entre alta e baixa velocidade e operação sempre no limite máximo de rpm submete as peças a um esforço anormal”, explica o engenheiro Marcelo Sakurai, um dos integrantes da Scuderia Iveco. “As temperaturas de funcionamento excedem o normal por isso a refrigeração do motor é uma grande preocupação”.
O radiador e intercooler tem desenho próprio. E várias outras peças são diferentes: pistões, comando de válvulas, válvulas, turbo e um catalizador gigante, pois excesso de fumaça significa penalização na corrida (obriga o piloto a fazer um drive-through). A tomada de ar é “extra-large”, para aumentar o rendimento do turbo, consequentemente enchendo as câmaras de combustão. A central eletrônica tem “inteligência” de corrida, valorizando os parâmetros de velocidade final, retomadas para saídas de curva etc. O câmbio tem só seis marchas.
Outro fator fundamental na pista é o “chão” do caminhão, isto é, seu acerto de suspensão. O desafio é grudar o caminhão no asfalto para que toda a potência enviada às rodas traseiras seja revertida em velocidade. Assim, o motor é deslocado cerca de 50 centímetros para trás, para melhor distribuição de peso entre os eixos. O cardan tem tamanho reduzido. Todas as peças abaixo do chassi (eixos, diferenciais etc) tem peso reduzido (quanto mais leve embaixo do chassi, melhor a suspensão trabalha, uma regra de ouro na competição). E os amortecedores são especiais de corrida.
O que um motorista de caminhão normal ganha com toda essa movimentação nas pistas e nos ralis? “Um caminhão melhor”, responde Giuseppe Simonato. “Ao final de uma competição como o Dakar, fazemos um levantamento de tudo o que mudamos nos caminhões de corrida e avaliamos se podemos transferir essas tecnologias para um caminhão normal”, explica ele. Essa transferência pode ser pequena (uma composição metálica diferente para um componente), mas se ela resultar em maior durabilidade ou performance da peça, já valeu a pena.
Fonte: Blog da Iveco