Porque será que todos os guris, tem sonhos iguais! Não é difícil de identificar, mas impossível de explicar. Como em todas as regras há exceções, nesta aqui não seria diferente, mas regra comum é o de ser caminhoneiro. Desde que esta máquina surgiu que pulula na imaginação fértil da molecada. Hoje, diriam alguns, o sonho de todos moleques é ser jogador de futebol. Pode até ser, como no meu tempo também era, mas o da boléia do caminhão pulsava mais forte. Mesmo que jamais se viesse a ter um como no meu caso. Mas o sonho, ainda está lá.

Podemos dar num mesmo instante ao menino, uma bola e um caminhãozinho. A bola terá parte de boas horas de seu dia, mas... O caminhão é que lhe fará a maior companhia. É sentado na sua cabine que ele irá viajar levar madeira e trazer bois, levar pedras e trazer terra.

É sentado naquela cabine que ira cortar estradas, saltar rios, buzinar nas curvas ou passagem de pequenas vilas,

sofrer de saudades e sentir solidão.

Se imaginando atrás do volante, às vezes pára em uma encruzilhada para decidir que rumo tomar. É capaz até de consultar o mapa de sua vontade para decidir sobre se tem pressa ou não de chegar. Aliás, o volante não passa na sua mão, de um simples artifício para decidir se o gira a esquerda, à direita, ou segue reto.

De uma coisa, entretanto ele está certo. A bola pode esperar, até porque ela ira rolar e quicar, e por muitas vezes na sua vida sem rumo certo e sem muito lhe obedecer. Já seu caminhão, depois de esfriar o motor, ira de novo levá-lo onde quiser, sem medo de errar. Pode até encontrar algum caminho tortuoso, mas que com calma será ultrapassado, sem o perigo da bola, que o vento pode levar.

Eu, continuo no meu sonho de guri.

Texto de Antonio Jorge Rettenmaier