Dois meses após o governo federal atender ao lobby das montadoras e elevar a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os veículos importados ou que não atendam a 65% de conteúdo nacional, o Brasil viu a produção de automóveis de passeio desabar 9,5% no mês de outubro de 2011 quando comparado ao mesmo período do ano passado.
Já as fabricantes de caminhões continuam com o pé no acelerador com um crescimento de 22% na produção desses veículos. Os dados foram divulgados esta semana pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em São Paulo. Com esse resultado, no acumulado do ano a expansão na fabricação de caminhões voltou a acelerar, passou de 12,8% até setembro para 13,8% até o final de outubro.
As montadoras produziram este ano 178.640 unidades contra 157.006 veículos nesse mesmo período de 2010. Somente em outubro, saíram das linhas de produção nacionais 19.612 caminhões. Dentre as categorias, os mais fabricados no ano continuam sendo os semipesados e pesados, com 61.704 e 54.494 veículos, respectivamente altas de 18,7% e de 7,4% ante mesmo período do ano passado. Apesar disso, em termos percentuais, são os leves que continuam liderando em crescimento no ano, 20,1% nos nove meses que se encerraram no último dia 31.
O ritmo de vendas, porém, não parece ter acompanhado a produção. Enquanto no mês passado 82% da produção havia sido comercializada, em outubro esse indicador ficou em 76%. O número de licenciamentos foi o mesmo de agosto deste ano, 14.960 veículos. Mesmo assim, no ano as vendas estão 14,4% maiores que as registradas no mercado brasileiro em 2010.
A MAN (que fabrica e comercializa a marca própria e da Volkswagen) é a primeira em vendas e deverá fechar o ano desta forma faltando apenas dois meses para terminar o ano. No acumulado do ano, a alemã vendeu 42.748 veículos no mercado nacional, um crescimento de 18,5% ante 2010. Esse volume de vendas está  19,8% acima da segunda colocada, a Mercedes-Benz, que encerrou os 10 meses de 2011 com a comercialização de 35.684 veículos, alta de 7,8%, em terceiro aparece a Ford com 25.155, em quarto a Volvo com 15.655, crescimento de 31,5% e em quinto a Iveco com 11.881 caminhões no ano, expansão de 29,3%. A Scania continua a perder participação de mercado 9,9% em comparação a 2010 e continua em sexto lugar no mercado brasileiro.
Dentre os segmentos que puxaram as vendas os semipesados apresentam crescimento de 24,1%, os semileves aparecem novamente com o segundo maior crescimento em comparação a 2010 com 16,7%, seguido dos leves com 15,8% de vendas a mais. Em número de unidades comercializadas os semipesados são os mais vendidos com 49.172 caminhões no ano e os pesados aparecem logo a seguir com 43.370 veículos entregues.
Mesmo com a alíquota mais elevada, os importados aumentam de forma representativa a sua fatia de mercado. Nos dez meses deste ano, o aumento em comparação a 2010 está em 57,4%. Os maiores segmentos que trazem caminhões do exterior continuam sendo os leves com 2.233% a mais e os pesados com 185% de expansão. No total, foram importados no ano 3.157 veículos ante 2.006 do ano passado.
Ônibus e automóveis
Na categoria para transporte de passageiros (incluindo chassis), as vendas consolidadas do ano seguem o ritmo de crescimento. Enquanto no mês de setembro o crescimento anual tinha sido de 20,2%, em outubro esse indicador alcançou alta de 22,1%, com 28.170 unidades.
Já em automóveis, a produção de outubro foi de 265.600 carros, queda de 9,5% quando comparada ao mesmo mês de 2010.
A Fiat continuou como a marca mais vendida do ano com 487.687 unidades. Em segundo lugar está a alemã Volkswagen com 485.028 carros comercializados. Em terceiro lugar está a GM com 430.885 veículos e em quarto a Ford, 200.241 unidades novas colocadas no mercado. A francesa Renault continua em quinto lugar com 140.246 carros. No total, foram vendidos 2.162.087 automóveis de passeio de janeiro a outubro de 2011, 2,6% a mais do que no ano passado.
A tendência até o final do ano é de que o indicador de crescimento aumente. De acordo com o presidente da entidade. Cledorvino Belini, apesar de o giro de estoques do setor automotivo ter subido para o nível de 40 dias em outubro, com 374.342 veículos estacionados nos pátios das montadoras e nas concessionárias, a previsão é de que a chegada do final do ano e do aumento de renda em função do 13º. salário corrija essa distorção.
Em setembro, os estoques estavam em 36 dias e em agosto eram de 37 dias. “Esse estoque não me assusta”, disse Belini. “Em novembro e dezembro há uma injeção com o décimo terceiro salário e, com isso, maior renda. A expectativa é que aumente o volume de vendas”, afirmou.
Tanto que a entidade alterou a previsão de investimentos para o período de 2011 a 2015. Segundo a Anfavea, os aportes de suas associadas deverão somar US$ 22 bilhões nesse intervalo, US$ 1 bilhão a mais que a previsão anterior. Para Belini, esse aumento ocorre por conta do otimismo do setor em torno do regime do setor automotivo, e das medidas que vêm sendo adotadas pelo governo.