Otimismo é a palavra do momento na Iveco, a fabricante de caminhões e ônibus do grupo Fiat. A empresa projeta um cenário de vendas aquecidas no próximo ano, seguindo o que se viu em 2011. “Atualmente, tudo indica que as coisas estão indo por um bom caminho”, disse Antonio Dadalti, vice-presidente da montadora cuja fábrica está em Sete Lagoas (MG)
É uma visão quase oposta daquela das montadoras de veículos de passeio que têm registrado desaceleração nas vendas. No acumulado até agosto, enquanto as vendas de automóveis cresceram 4,9%, a de caminhões saltou 16,34%, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
“O ano passado já tinha sido o melhor da história [para as vendas de caminhões no Brasil]. Mas este ano, poderemos fechar com vendas até 10% maiores”, diz. “O cenário que traçamos para 2012 é que será um ano semelhante a 2011.”
A Iveco, que está no Brasil desde 1997, é a quarta maior fabricante de caminhões do país, com uma fatia crescente do mercado, atualmente em 8,05%. Volkswagen, Mercedes Benz e Ford respondem por cerca de 70% das vendas.
Na avaliação de Dadalti, a única possível interferência à vista é da situação internacional. “A única coisa que pode mudar o cenário é se ocorrer uma contaminação do quadro econômico externo. Mas entre 2009 e 2010, o governo brasileiro tomou uma série de medidas e a demanda interna foi estimulada”, disse o executivo.
“Neste momento, com todas as medidas que o governo tem tomado, nossa visão é que o ano que vem não seja diferente de 2011 em relação às vendas do setor.”
O que puxa e o que continuará puxando a demanda será, na avaliação da Iveco, as obras para a Copa de 2014, os projetos de infraestrutura em curso no país e a multiplicação de usinas para a produção de etanol, entre outros setores.
Dadalti espera que as vendas se acelerem no último trimestre – mais acentuadamente em novembro e dezembro – por causa da entrada em vigor, a partir de janeiro, dos modelos adaptados à nova exigência ambiental Euro 5. Os veículos terão um sistema que polui menos e prontos para rodar com um novo diesel, com menos enxofre, e um aditivo à base de uréia.
“As indústrias estão preparadas para começar a fabricação do Euro 5, mas toda vez que se lança um produto, não se trabalha no mesmo ritmo que o produto anterior. Isso costuma levar um ou dois meses e antes disso pode ser que haja redução na produção”, diz Dadalti. “Essa eventual redução será compensada pelos estoques dos modelos atuais, o Euro 3, que estão nas fábricas e nas concessionárias.”
Os novos caminhões custarão entre 10% a 15% mais do que os atuais e isso tem levado muitas empresas de transporte a antecipar para este ano as compras. Além do preço, diz Dadalti, há uma preocupação por parte das transportadoras com relação à distribuição do novo óleo. “É de se esperar que num primeiro momento nem todos os 37 mil postos de abastecimento estejam preparados para vender o novo óleo”, diz.
Contando com antecipação das compras, a Iveco estima que as vendas dos últimos meses do ano cheguem a 20 mil unidades mensais.
Fonte: Valor Econômico