“Os novos motores que atendem a Euro 5 não têm nada de mais além de sistemas catalisadores e elétricos. (…) Além disso, os novos motores podem perfeitamente andar com diesel S 500 sem qualquer prejuízo para o motor (…). É possível, sim, fazer ‘gambiarra’, desligar um fio e imobilizar o sistema, sem qualquer dano ao caminhão, e permitir que o veículo ande infinitamente sem Arla”.
As declarações acima foram feitas para o Portal Brasil Caminhoneiro por uma fonte da indústria automotiva, que trabalha na área de Engenharia, e prefere não se identificar.
A partir de 1º de janeiro de 2012, os caminhões fabricados no Brasil virão com novos motores (Euro 5) para atender a legislação ambiental Proconve 7 (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). Mas será que as “gambiarras” realmente estão com os dias contados?
Para tirar a limpo essa questão, o Portal Brasil Caminhoneiroprocurou as fabricantes de caminhões. Enquanto a maioria decidiu não comentar os argumentos da nossa fonte, Renato Mastrobuono, Diretor do Centro de Desenvolvimento de Produtos da Iveco na América Latina, topou esse desafio. Veja abaixo as respostas do executivo:
Engenheiro: “Os novos motores que atendem a Euro 5 não têm nada de mais além de sistemas catalisadores e elétricos. Estes sistemas, conceitualmente simples, nem justificariam um sobrepreço entre 10 a 15% no valor do caminhão”.Renato Mastrobuono: Os motores são novos, com sistemas de injeção de última geração. Desta feita, são 100% eletrônicos (Acabarão os motores mecânicos ainda usados por alguns fabricantes na legislação Euro 3 vigente), com sistema complexo de tratamento de gases que não são simples catalisadores. Sistemas eletrônicos de última geração serão usados para gerenciar o sistema (OBD) para garantir o total atendimento da legislação.
“Os novos motores podem perfeitamente andar com diesel S-500 sem qualquer prejuízo para o motor, até porque o motor é o mesmo. Não mudou nada. O que mudou são apenas dispositivos adaptados na saída dos gases que precisam do reagente Arla para fazer uma diminuição drástica das emissões de CO2”.RM: O diesel adequado para os novos motores é o S-50, sendo que alguns motores dotados do sistema SCR aceitam até o S-500 por tempo limitado de uso. O Arla 32 é o catalisador dosado eletronicamente no sistema de escapamento para reduzir o NOx e não o CO2, isso no sistema chamado SCR.
“Esta história do caminhão parar sem o Arla é apenas uma função eletrônica colocada no caminhão que nada tem a ver com o Arla. O caminhão vai parar porque há um comando eletrônico que entende que, sem o aditivo, é para manter o caminhão ‘apagado’ depois de desligado. Esta é uma solução de engenharia unicamente para forçar o motorista a colocar o Arla”.RM: Nos sistemas chamados SCR, o Arla é usado para reduzir o NOx como mencionado acima. Isso permite que o motor seja otimizado, trazendo o melhor consumo de combustível possível. E isto é bom para o motorista, para o proprietário e para o planeta, pois quanto menor o consumo, menos CO2 será lançado na atmosfera.
O OBD, que é o sistema inteligente que equipará todos os caminhões Euro 5, avisará o motorista que o seu nível de Arla no tanque específico está baixo (ou vazio), e que ele precisa reabastecer para emitir o NOx previsto pela norma. O motorista tem até 48 horas de funcionamento do motor para reagir, reabastecendo seu tanque de Arla até que o sistema eletrônico decida agir sobre o motor para reduzir o NOx na atmosfera.
Assim que o veículo tiver o motor desligado após as mencionadas 48 horas, ocorrerá o despotenciamento (ao redor de 40%). Após esse estágio, mesmo depois de reabastecido de Arla, o veículo, para restaurar seus níveis de torque e potência, requererá a intervenção de um concessionário da marca.  Essa foi a forma que o legislador encontrou para garantir que o meio ambiente continue a ser protegido, e que a eletrônica tenha o papel de informar, educar o condutor e proteger o meio ambiente.
“É possível, sim, fazer ‘gambiarra’, desligar um fio e imobilizar o sistema, sem qualquer dano ao caminhão, e permitir que o veículo ande infinitamente sem Arla. E isto não prejudica em nada o rendimento do motor, nem sua vida útil, tampouco faz com que o caminhão gaste mais”.
RM:
 O sistema eletrônico do veículo OBD registra toda e qualquer falha do sistema, inclusive a interrupção de sinais elétricos, tendo a capacidade de armazenar esses registros por até 10 mil horas.
Como dito anteriormente, a função do OBD é de instruir, educar, informar e proteger o veículo e o meio ambiente de danos. De fato, alguns dos defeitos não implicam em despotenciamento do motor, porém os sinais luminosos no painel do veículo permanecerão sempre informando o condutor de que a anomalia existe, e que ele deve buscar por ajuda técnica para saná-la.
Ao final, numa eventual inspeção veicular de rotina, os registros informarão o período de duração da anomalia, seja ela intencional ou não.
“O caminhão vai andar normalmente com o diesel S-500, como já andam normalmente os caminhões fabricados atualmente. E acrescentar entre 10% e 15% a mais no preço final do caminhão por conta deste sistema é, evidentemente, injustificável”.
RM:
 Como já citado, alguns sistemas (SCR) aceitam por curtos períodos o uso de um diesel de S-500, enquanto outros sistemas, também utilizados pela indústria para atingir o Euro 5, são incompatíveis com combustível acima do S50 especificado, ficando isso sempre a critério do proprietário que assumirá, evidentemente, os riscos de fazê-lo.
Cada fabricante vem anunciando valores estimados de aumento de preços dos vários modelos e a experiência tem mostrado que, nas etapas anteriores do Proconve, os impactos de preço são inversamente proporcionais ao tamanho do veiculo.
Fonte: Brasil Caminhoneiro